ENTREVISTA: Babaya Morais atua como preparadora vocal do projeto Orwell

por Paulo Gois Bastos



Cantora, Professora de Canto, Preparadora Vocal e Diretora Musical, Babaya Morais iniciou sua carreira em Belo Horizonte-MG, na escola Música de Minas instituição criada por Milton Nascimento e Wagner Tiso em 1983. Em 1991, ela fundou a “Babaya Casa de Canto”, a primeira escola voltada exclusivamente para o aprimoramento do Canto Popular. Artistas renomados por todo o país, na música e no teatro, já passaram pela sua orientação e preparação vocal como: o Grupo Galpão de Teatro, o Grupo Ponto de Partida, Renata Sorrah, Xuxa Lopes, Leonardo Brício, Regina Braga, Luiz Melo, Silvia Buarque, Gabriela Duarte, Tiago Lacerda, Angelo Antonio, Nelson Xavier, Letícia Sabatella, Rosi Campos, Marcelo Antony, Luana Piovani, Daniel Oliveira, Léo Pacheco, Cláudio Fontana, entre outros.

Babaya Morais, juntamente com Fernando Yamamoto e Márcio Marciano, compõe a equipe de profissionais convidados para conduzir a residência artística “Projeto Orwell: Uma Fábula Sobre o Poder”, iniciativa da Boyásha, de Santa Maria de Jetibá, e do Grupo de Teatro Rerigtiba, de Anchieta,  e  que resultará na montagem de um espetáculo de rua.

No final do último mês de abril, Babaya esteve no Espírito Santo reunida com os integrantes do Projeto Orwell e também ministrou a oficina “O Prazer da Voz Saudável”. Nessa atividade, ela abordou principalmente as noções básicas sobre o funcionamento e os cuidados com o aparelho vocal e despertou os participantes para as potencialidades da voz. Nesta pequena entrevista, ela explica sobre a sua proposta de trabalho para o Projeto Orwell.

Como se deu sua aproximação com o projeto Orwell?
Já trabalhei com o João Paulo e o Murilo da Boyásha e adoro trabalhar com eles, nos tornamos grandes amigos, tenho muito carinho pelo trabalho  e pela luta deles por esse teatro que eles amam tanto. Eles já haviam me convidado para esse projeto e estávamos aguardando a captação de recursos para fazer ele acontecer. Li “A Revolução dos Bichos” na minha juventude, foi algo que me marcou muito e fiquei com esse livro na minha memória. Em 2012, quando estive com eles, conversamos sobre o livro, eles adoraram e ficaram apaixonados pela história. Aí recebo essa boa notícia de que a obra do Orwell será a referência do projeto. Ao chegar em Anchieta, tive o grande prazer de conhecer a turma do Grupo de Teatro Rerigtiba e o espaço maravilhoso que ele têm. Mais uma vez teria a possibilidade de trabalhar com Fernando Yamamoto com quem já trabalhei várias vezes. Esses encontros são histórias lindas na minha vida, porque comecei a transitar por lugares fora do eixo Rio Janeiro-São Paulo-Belo Horizonte. O Gabriel Villela, diretor com quem trabalho há muitos anos, fica com ciúme e fala “pra onde você vai  por esse Brasil profundo?”, adorei essa expressão “Brasil profundo” e passei a adotá-la: o profundo na verdade é que tenho encontrado um teatro maravilhoso e muito interessante com bons textos, bons atores e bons diretores.

A partir desse primeiro encontro, quais são suas impressões sobre essa proposta de residência?
As impressões iniciais foram ótimas, acho que irão fazer um trabalho muito bonito e é muito necessário o tema que essa montagem traz para o momento atual. Tenho boas expectativas com os dois grupos juntamente com o trabalho do Fernando Yamamoto e do Márcio Marciano.




No que consistiram suas primeiras atividades com os integrantes do projeto?
Como os integrantes da Boyásha já conheciam um pouco da minha trajetória e da minha linguagem, eles abriram as portas para esse trabalho com o Grupo de Teatro Rerigtiba. Durante esse primeiro encontro, implantei um estudo que possibilita uma noção importante para os atores trabalharem suas interpretações mesmo sem ter o texto do espetáculo pronto. Também trouxe técnicas de aquecimentos que irão refletir muito na textura da voz e nos timbres vocais. Minha função, foi implantar esse chão, essa semente e depois vamos evoluir até a chegada do texto definitivo. Deveremos aumentar o número de encontros previstos para trabalharmos a voz cantada onde é necessário ter mais detalhes e individualizar a preparação dos atores, pois o canto exige um pouco mais de técnica com relação à extensão. Cuidar desse aspecto com antecedência é o correto a ser feito e fará com que colham bons frutos ao definirem como será a interpretação e os caminhos que dramaturgia seguirá. Fico muito feliz com esse respeito e carinho pelo meu trabalho para que ele seja eficiente e possibilite todas as ferramentas possíveis ao projeto.

Há especificidades na preparação vocal para atuar em um espetáculo de rua?
Não. A voz para rua não diferencia da voz para o teatro em casas de espetáculo. Em ambos os espaços, o ator precisa de ter resistência vocal que é adquirida através de técnicas vocais, da prática de exercícios, e do controle correto da respiração, que é básico para a projeção da voz. Independente de eles virem a usar microfone, vou fazer essa preparação para que eles não usem a voz de uma forma indevida e não sobrecarreguem a musculatura vocal, evitando a rouquidão, por exemplo.



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