TEATRO, DE CACHOEIRO PARA LÁ
Grupos de teatro de Cachoeiro participaram do Festival de Teatro de Curitiba, o maior da América Latina.
por Luiz Carlos Cardoso
Os grupos teatrais de Cachoeiro que se apresentaram na semana passada na vigésima oitava edição do Festival de Teatro de Curitiba também apresentaram uma face da identidade cultural deste município ao sul do Espírito Santo. A cena local se fez presente com “A carta” (L.A.R), “Aloka” (Personalidades Cia Teatral), “Cidade fria” (Cia EnCena de Teatro), “Emily” (Cia Solo de Teatro), “Esta noite choveu prata – terceiro ato” (Grupo ELA de Teatro), “Histórias contadas e encaixadas” (Claudia Ferreira), “Não haverá amanhã” (Coletivo Artístico) e “Uó do Borogodó” (Personalidades Cia Teatral). Estive presente em Curitiba cobrindo os trabalhos, pude ver de perto o fazer teatral de atores, de artistas que se esmeram numa prática regular na cidade. Na capital do Paraná, homens e mulheres da cena se depararam com um oásis.
Eu faço parte de um grupo teatral chamado Anônimos. O Grupo Anônimos de Teatro foi, pela primeira vez à Curitiba, ao Festival, em 2012. Eu havia ido antes, em 2010. Eu era um garoto curioso querendo voar pela primeira vez de avião e conhecer coisas novas. O teatro já era um alumbramento para mim nessa época. De lá para cá, fui alguns anos consecutivos e minha imagem é essa, a desses grupos de Cachoeiro lá nesse ano: estou NO festival, essa é A cidade, esse é o MEU momento.
Os grupos entraram em cena durante uma semana em praças da cidade e no Teatro Universitário de Curitiba. O público, composto por espectadores da cidade ansiosos por esse momento do ano em que a cidade respira artes cênicas e artistas de outras companhias que vão conferir um pouco mais da cena teatral brasileira, enchia as apresentações. Então, acontecia o espetáculo. Os atores em cena, o público se deleitando, diversas apresentações ao mesmo tempo em diversos espaços. Olhar para isso e pensar na sua cidade, na sua aldeia. Por que Cachoeiro também não é assim é uma pergunta que não faço mais. As realidades são diferentes. Mas pergunto: o que há em Cachoeiro? Público, estrutura, espaço, profissionais, investimento, incentivo, fomento, mídia, criatividade? Há interesse? De quem? Olho para as calçadas de Curitiba. Limpas. Olho para a iluminação pública. Funciona. Olho para o atendimento do comércio, Eficaz. Não questiono o que os grupos de Cachoeiro fazem em cena, porque eu mesmo, como ator, vivo questionando o que mesmo faço, sempre. Lanço provocações sobre o fenômeno, o ritual – ir ao teatro, querer ir ao teatro, interessar-se por ele. Há isso aqui? Há cultura para isso? O cachoeirense tem cultura? Símbolos não faltam. A história diz isso. Mas quando há cultura se não há cultura pública, se governos e governos buscam paulatinamente fazer a saúde melhorar, a segurança crescer, a educação se aprimorar... Há espaço para a cultura? Para a arte? Para o teatro?
Os artistas de teatro de Cachoeiro não foram para Curitiba por conta própria. A iniciativa nasceu da Prefeitura Municipal que firmou um acordo com a organização do Festival e criou por lá, uma Mostra Cachoeiro de Teatro. Os grupos puderam estabelecer um intercâmbio com um fazer cênico que é a maior vitrine do teatro da América Latina. Dados nos informam que mais de 200 mil pessoas circularam pelos públicos dos espetáculos nessa edição de 2019. Os artistas de teatro de Cachoeiro tiveram contato com essa manifestação, alguns certamente pela primeira vez. Agora retornam à cidade com quais perspectivas? O que fazer após terem presenciado e participado desse encontro que é o Festival de Curitiba? Retornar a cidade é também dar de retorno a ela tudo o que se aprendeu, o que se viu, o que se gerou. Há um público ansioso pelas estreias, pelas cenas que estão por vir.
por Luiz Carlos Cardoso
Os grupos teatrais de Cachoeiro que se apresentaram na semana passada na vigésima oitava edição do Festival de Teatro de Curitiba também apresentaram uma face da identidade cultural deste município ao sul do Espírito Santo. A cena local se fez presente com “A carta” (L.A.R), “Aloka” (Personalidades Cia Teatral), “Cidade fria” (Cia EnCena de Teatro), “Emily” (Cia Solo de Teatro), “Esta noite choveu prata – terceiro ato” (Grupo ELA de Teatro), “Histórias contadas e encaixadas” (Claudia Ferreira), “Não haverá amanhã” (Coletivo Artístico) e “Uó do Borogodó” (Personalidades Cia Teatral). Estive presente em Curitiba cobrindo os trabalhos, pude ver de perto o fazer teatral de atores, de artistas que se esmeram numa prática regular na cidade. Na capital do Paraná, homens e mulheres da cena se depararam com um oásis.
Eu faço parte de um grupo teatral chamado Anônimos. O Grupo Anônimos de Teatro foi, pela primeira vez à Curitiba, ao Festival, em 2012. Eu havia ido antes, em 2010. Eu era um garoto curioso querendo voar pela primeira vez de avião e conhecer coisas novas. O teatro já era um alumbramento para mim nessa época. De lá para cá, fui alguns anos consecutivos e minha imagem é essa, a desses grupos de Cachoeiro lá nesse ano: estou NO festival, essa é A cidade, esse é o MEU momento.
Os grupos entraram em cena durante uma semana em praças da cidade e no Teatro Universitário de Curitiba. O público, composto por espectadores da cidade ansiosos por esse momento do ano em que a cidade respira artes cênicas e artistas de outras companhias que vão conferir um pouco mais da cena teatral brasileira, enchia as apresentações. Então, acontecia o espetáculo. Os atores em cena, o público se deleitando, diversas apresentações ao mesmo tempo em diversos espaços. Olhar para isso e pensar na sua cidade, na sua aldeia. Por que Cachoeiro também não é assim é uma pergunta que não faço mais. As realidades são diferentes. Mas pergunto: o que há em Cachoeiro? Público, estrutura, espaço, profissionais, investimento, incentivo, fomento, mídia, criatividade? Há interesse? De quem? Olho para as calçadas de Curitiba. Limpas. Olho para a iluminação pública. Funciona. Olho para o atendimento do comércio, Eficaz. Não questiono o que os grupos de Cachoeiro fazem em cena, porque eu mesmo, como ator, vivo questionando o que mesmo faço, sempre. Lanço provocações sobre o fenômeno, o ritual – ir ao teatro, querer ir ao teatro, interessar-se por ele. Há isso aqui? Há cultura para isso? O cachoeirense tem cultura? Símbolos não faltam. A história diz isso. Mas quando há cultura se não há cultura pública, se governos e governos buscam paulatinamente fazer a saúde melhorar, a segurança crescer, a educação se aprimorar... Há espaço para a cultura? Para a arte? Para o teatro?
Os artistas de teatro de Cachoeiro não foram para Curitiba por conta própria. A iniciativa nasceu da Prefeitura Municipal que firmou um acordo com a organização do Festival e criou por lá, uma Mostra Cachoeiro de Teatro. Os grupos puderam estabelecer um intercâmbio com um fazer cênico que é a maior vitrine do teatro da América Latina. Dados nos informam que mais de 200 mil pessoas circularam pelos públicos dos espetáculos nessa edição de 2019. Os artistas de teatro de Cachoeiro tiveram contato com essa manifestação, alguns certamente pela primeira vez. Agora retornam à cidade com quais perspectivas? O que fazer após terem presenciado e participado desse encontro que é o Festival de Curitiba? Retornar a cidade é também dar de retorno a ela tudo o que se aprendeu, o que se viu, o que se gerou. Há um público ansioso pelas estreias, pelas cenas que estão por vir.
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